sábado, 15 de novembro de 2008

Se os jovens soubessem...

Apenas me digam que é Photoshop.
Que pessoas comuns como eu não fazem coisas assim, não permitem que coisas assim aconteçam.
Ou então que, quando tudo isso for superado, não haverá marcas, não haverá tristeza, que todo esse sofrimento não foi em vão.
Digam qualquer coisa.
Talvez um "porque non te callas?"

Enviado para você por Fernando através do Google Reader:

via O Caderno de Saramago de José Saramago em 11/11/08

Dirão alguns que o cepticismo é uma doença da velhice, um achaque dos últimos dias, uma esclerose da vontade. Não ousarei dizer que o diagnóstico seja completamente equivocado, mas direi que seria demasiado cómodo querer escapar às dificuldades por essa porta, como se o estado actual do mundo fosse simplesmente consequência de que os velhos sejam velhos… As esperanças dos jovens nunca conseguiram, até hoje, tornar o mundo melhor, e o sempre renovado azedume dos velhos nunca foi tanto que chegasse para torná-lo pior. Claro que o mundo, pobre dele, não tem culpa dos males de que padece. O que chamamos estado do mundo é o estado da desgraçada humanidade que somos, inevitavelmente composta de velhos que foram novos, de novos que hão-de ser velhos, de outros que já não são novos e ainda não são velhos. Culpas? Ouço dizer que todos as temos, que ninguém pode gabar-se de estar inocente, mas parece-me que semelhantes declarações, que aparentemente distribuem justiça por igual, não passam, quando muito, de espúrias recidivas mutantes do chamado pecado original, servem apenas para diluir e ocultar, numa imaginária culpa colectiva, as responsabilidades dos autênticos culpados. Do estado, não do mundo, mas da vida.

Escrevo isto num dia em que chegaram a Espanha e Itália centenas de homens, mulheres e crianças nas frágeis embarcações que costumam utilizar para alcançar os supostos paraísos de uma Europa rica. À ilha de Hierro, em Canárias, por exemplo, chegou um barco desses, dentro do qual havia uma criança morta, e alguns náufragos declararam que durante a viagem tinham morrido e sido lançados ao mar vinte companheiros de martírio… Que não me falem de cepticismo, por favor.

Lampedusa

Inmigrantes llegando a la isla de Lampedusa (Italia), Agosto de 2007. Fotografía de Sara Prestianni, de su álbum Storie migrante.

Cuerpo flotando

Los inmigrantes se ven obligados a arrojar al mar a sus propios compañeros muertos.

Exhausto en la playa

Un inmigrante exhausto descansa entre los turistas que toman el sol en la playa de Tuineje en Fuerteventura (Islas Canarias), después de llegar en un pequeño bote motorizado junto a otros 36 immigrantes. Viernes 5 de Mayo de 2006.

Fotografías por cortesía de Noborder Network, en su galería de Flickr. Licencia Creative Commons.

Ver Galería Completa.

Más información de Storie migranti de Sara Prestianni.

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